NOTÍCIA

Entrevistamos Beatriz Martins Carneiro, Secretária Executiva da Rede Brasil do Pacto Global

Somos, como já mostramos em nossa página, uma das empresas signatárias do Pacto Global da ONU, que estabelece valores a serem adotados em relação a diretos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. Além de nós, outras empresas, inclusive do setor agrícola, também participam da iniciativa.
Estamos te informando isso porque entrevistamos a Beatriz Martins Carneiro, Secretária Executiva da Rede Brasil do Pacto Global, que, no texto a seguir, vai falar um pouco sobre o programa e os avanços da indústria agrícola na frente ambiental, além de, também, mostrar o que se espera do setor no futuro.

Confira:

Em que ponto estamos em relação ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e qual é a importância do setor empresarial nessa caminhada?

Beatriz Martins Carneiro:“Foi dado um primeiro passo, o de acordar uma agenda comum entre todos os países-membros da ONU, o que, em si, foi um grande desafio. Os ODS vieram para substituir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), voltados muito ao campo social e a países em desenvolvimento, e apesar de traduzirem de forma mais abrangente o que precisa ser feito para um 2030 mais sustentável, exigem um nível de compromisso maior, já que englobam as três dimensões da sustentabilidade – social, econômica e ambiental – e traz desafios a todos os países, incluindo os desenvolvidos. Nenhum país, hoje, por mais desenvolvido que seja, pode dizer que já cumpriu com todos os 17 objetivos e 169 metas. Portanto, o mundo agora concorda com o fato de que precisa atingi-los e está trabalhando para isso. Esse é o status. Os ODM eram também muito direcionados à atuação governamental e o setor privado não se enxergava tanto dentro deles. Os ODS têm metas para a comunidade empresarial e necessitam claramente de novas soluções, sejam produtos, serviços, sejam modelos de negócio, para seu atingimento. Então, o setor privado tem o duplo papel de ser um ente que deve atender às metas estabelecidas e de provedor de soluções para alcançá-las.”

O lançamento da Cartilha de Princípios Empresariais para Alimentos e Agricultura (PEAA) ajudou a aproximar os ODS das empresas que atuam no agronegócio?
Beatriz Martins Carneiro:“Buscamos fazer nossos materiais de maneira bastante tangível, para que as empresas tenham ideias sobre como colocar em prática aquilo que está sendo preconizado. Após o estabelecimento de uma nova agenda, com os ODS, as empresas participantes decidiram alinhar a eles os PEAA e a cartilha veio como uma matriz de gerenciamento e comunicação dos Princípios, já relacionando-os aos Objetivos. A etapa é de ampliar a divulgação da Cartilha, que contém um passo-a-passo de como gerenciar os PEAA na empresa. A ideia é fazer eventos para fora do eixo Rio-São Paulo, mais encontros na região Centro-Oeste e comunicar aos ainda não participantes do Pacto a existência e a importância da ferramenta, à disposição das empresas de agricultura e alimentação que querem garantir um futuro sustentável por meio de uma atuação alinhada com os Princípios.”

Como empresas líderes, como a Syngenta, podem se posicionar perante o setor quanto ao cumprimento dos Objetivos?

Beatriz Martins Carneiro:“O grande papel das empresas de referência é promover mudanças no mercado como um todo. Quando uma delas adota um modelo diferenciado de negócio, faz com que outras percebam os benefícios de alinhar a essência de seu negócio, seu core business, aos ODS. Isso também se estende a toda a cadeia de valor, fornecedores, clientes. A Syngenta, ao auxiliar no desenvolvimento de pequenos produtores, por exemplo, como parte de seu Plano de Agricultura Sustentável, também dá o exemplo de operação sustentável atuando em linha com os PEAA, o Pacto Global e os ODS. O porte da empresa, claro, determina a abrangência da influência e da atuação, mas todas podem sempre promover melhorias, como uso inteligente da água, manejo consciente de agrotóxicos, fertilizantes etc. Isso deve ser trabalhado na cadeia. A sustentabilidade para o agricultor é uma questão palpável. Ele depende da chuva, da natureza, faz sentido falar disso com essas pessoas e creio que o diálogo sobre o aspecto ambiental disso já está bem avançado. Mas ainda falta uma certa dose de pioneirismo por parte das empresas do agro, para que não só estejam engajadas mas para que conduzam as demais, com seu exemplo, em outros temas de sustentabilidade, como o social e o econômico. A meu ver, este é um dos principais desafios para o setor atualmente.”

Ainda há entraves para uma conscientização plena do setor empresarial quanto à sustentabilidade? Quais?

Beatriz Martins Carneiro:“Existe uma ideia muito arraigada de que a sustentabilidade custa caro, e que a agenda do Pacto, os ODS, são muito distantes do que aquilo que as empresas praticam. Muitas pensam ser um investimento sem retorno, não conseguem conectar a agenda com o melhor funcionamento de seu negócio. Essa é uma barreira que o Pacto vem tentando superar ao longo dos anos, com algum sucesso, mas ainda há muito o que se fazer. Precisamos mostrar que a sustentabilidade não pode ser um departamento alijado do negócio, precisa estar mais presente. As empresas precisam fazer de forma sustentável seus negócios e não outras coisas com o rótulo da sustentabilidade. Assim, mesmo as menores ações contribuem, e cada país, cada empresa, deve traduzir os objetivos ao seu contexto. Essa leitura, essa apropriação dos ODS deve ser feita, com definição de prioridades nacionais. Quando os países definirem essa agenda própria, ficará mais fácil às empresas alinharem suas atividades e estratégias com os ODS. Até lá, cada colaborador dentro das empresas pode fazer sua parte, todos podem implementar essa agenda no dia a dia. Por isso é importante se familiarizar com ela.”

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável dialogam com os compromissos adotados em nosso Plano de Agricultura Sustentável, que define metas mesuráveis para serem atingidas até 2020.

FONTE: BLOG SYNGENTA

Entrevistamos Beatriz Martins Carneiro, Secretária Executiva da Rede Brasil do Pacto Global