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Regulagem e calibração são tarefas fundamentais na hora da pulverização

Além de um equipamento em bom estado, é essencial que o agricultor esteja atento a estes procedimentos e realize-os da maneira adequada, a fim de garantir uma aplicação uniforme, eficaz e segura.

O processo de pulverização de defensivos na lavoura envolve uma série de tarefas que devem ser executadas de forma minuciosa, a fim de garantir a eficácia e a segurança da operação. Entre elas, estão a regulagem e a calibração.

Em primeiro lugar, antes de executar estas duas tarefas, é imprescindível o agricultor estar munido dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) necessários, a fim de evitar quaisquer tipos de exposição e/ou contaminação durante os processos. O pulverizador deve estar limpo e com apenas água no tanque. Na sequência, ele deve avaliar as condições do equipamento que será utilizado para fazer a regulagem e calibração cuidadosamente.

Regulagem

Antes de começar a pulverização, o agricultor deve planejar quais parâmetros operacionais serão utilizados. Ou seja, durante a regulagem, ele define qual será a velocidade de deslocamento do equipamento durante a aplicação, bem como a taxa de aplicação, ou seja, o volume, calculado em litros por hectare, que será aplicado na área. Esta tarefa também envolve a definição de qual tipo de ponta será utilizada, que determinará qual será o formato do jato pulverizado (jatos planos ou jatos tridimensionais) e o tamanho da gota – se mais grossa ou mais fina.

“Esta escolha vai de acordo com o produto a ser pulverizado, sempre buscando o equilíbrio entre performance e segurança na aplicação. No caso de fungicidas e inseticidas, por exemplo, a necessidade maior de cobertura exige que gotas médias sejam utilizadas. O uso de pontas de jatos tridimensionais (leques duplos ou jatos angulados alternados) também são mais indicados para essa classe de produtos, por promoverem uma maior cobertura na planta. Já com herbicidas, costumamos trabalhar com gotas mais grossas. Portanto, a escolha do tamanho da gota faz toda a diferença na hora de regular o equipamento”, explica o coordenador de sustentabilidade da Syngenta, Mateus Queiroz.

“Para pulverizadores que não possuem sistemas computadorizados de controle de vazão, é necessário que se calcule a velocidade exata de deslocamento. Quando for regular a velocidade, orientamos que o agricultor a faça na área a ser pulverizada ou em solo bem parecido com o local a ser pulverizado”, explica o especialista. “A recomendação é demarcar um comprimento de 50 metros e anotar quantos segundos o pulverizador leva para percorrer este trecho. O ideal é fazer isso três vezes e tirar a média do tempo que foi preciso para percorrer estes 50 metros. E então, com a velocidade tomada em metros por segundo, simplesmente se multiplica o valor pelo fator de 3,6 e a velocidade será indicada em kilometros por hora”, completa.

A condição meteorológica é outro ponto que deve ser considerado no momento de definir o tamanho da gota. Mesmo dentro da condição recomendada, o aumento da velocidade do vento ou da temperatura pode exigir a mudança do tamanho do padrão de gota. “Mesmo em condições consideradas adequadas, o uso de gotas finas apresentam um alto risco de deriva. Se as condições estiverem muito adversas, haverá ainda mais risco. O uso de gotas médias para fungicidas e inseticidas são recomendadas por promoverem maior segurança durante a pulverização mantendo a performance biológica do defensivo. Dependendo do caso, nem é só questão de engrossar a gota, mas até o de cessar a pulverização.”, orienta Queiroz.

Calibração

A calibração é um momento mais preciso, no qual é feito um ajuste fino da pressão. A definição desta medida é feita a partir da análise da coleta do volume que passa pelas pontas por minuto.

O modo de execução da tarefa dependerá do tipo de pulverizador. Os autopropelidos, por exemplo, costumam dispor de um sistema computadorizado que calcula a velocidade da máquina e mantêm a taxa de aplicação constante. Os pulverizadores que têm esse controlador eletrônico de vazão identificam a variação de velocidade e são capazes de adequar a pressão automaticamente. Já nos equipamentos de arrasto ou montado que não possuem esse sistema, este ajuste deve ser feito manualmente, considerando a velocidade de deslocamento calculada previamente.

É por meio da calibração que se identifica a qualidade da ponta de pulverização – componente essencial do equipamento. Conforme a ponta é utilizada, ela sofre desgaste, ou pode entupir, por conta do acúmulo de partículas sólidas presentes na calda. Portanto, deve-se analisar se a vazão de cada ponta. O esperado é que ela nunca ultrapasse a margem de segurança de 10% para mais ou para menos em relação à vazão esperada. “Se a vazão der acima disso, é provavelmente caso de ponta desgastada e, então, deve-se substituí-la, pois não há como recuperá-la. Se for registrado um nível abaixo do esperado, então a ponta que deve estar entupida. Neste caso, basta limpá-la utilizando escovas e/ou ar comprimido. O uso de materiais metálicos e pontiagudos irão danificar as pontas ”, orienta Queiroz.

Erros comuns e como evitá-los

Embora a regulagem e a calibração sejam procedimentos fundamentais em meio ao processo de aplicação de fitossanitários, há quem os faça de modo inadequado. A calibração em todas as pontas do pulverizador, por exemplo, é um procedimento essencial, que deve ser feito regularmente ao longo do ano. Ainda assim, há técnicos que não respeitam a frequência adequada ou, quando fazem o procedimento, não analisam todas as pontas do pulverizador.

“Há pulverizadores de grande porte, com mais de 60 pontas e, às vezes, o agricultor não vê necessidade de fazer a coleta da vazão de todas elas. Ele coleta de apenas seis ou oito pontas, do total de 60, e extrapola o resultado para a barra inteira. E entre as pontas do equipamento pode haver algumas com problemas, que não foram conferidas. A aferição completa da barra deve ser feita de maneira periódica durante o ano. Durante o dia-a-dia da atividade, a conferência de algumas pontas como forma de representar toda a barra que já foram previamente aferidas pode ser feita.”, aponta Queiroz.

Outro erro simples e muito comum, segundo o especialista, é o técnico não deixar a proveta, ou o copo calibrador, bem alinhado na hora de checar o volume coletado. Se o agricultor inclinar a mão, o nível da água muda. Há no mercado algumas ferramentas de auxílio ao trabalhador e capazes de evitar esse tipo de problema. Uma delas é o calibrador eletrônico, um pequeno cilindro com um sensor dentro que, ao colocá-la embaixo de uma ponta, o sensor indica quantos litros por minuto está sendo pulverizado.

“O equipamento funciona de modo semelhante à proveta. Porém, no caso da proveta, tem que olhar bem o nível certo e, se o nível estiver entre uma marcação e outra, você terá só o dado aproximado. Já o calibrador eletrônico fornece o volume exato, o que facilita neste momento”, explica o especialista.

Para a análise da uniformidade e da distribuição das gotas na planta, Queiroz orienta para o uso do papel hidrossensível. Ele consiste em um pequeno cartão, de cor amarela que, por ser sensível à água, fica azul em contato com a calda de pulverização. “Este papel pode ser grampeado pelo agricultor nas folhas da cultura que será pulverizada. O papel pode ser colocado em pontos diferentes da planta. Assim, é possível analisar se a gota chegou no topo, no meio e, principalmente, na parte baixa da planta”, explica o coordenador. “Serve como uma conferência da calibração. Se ela não estiver como o esperado, é possível mudar a técnica de aplicação, como o modelo de ponta ou a pressão de trabalho”, completa.

Passo a passo para uma aplicação eficaz

A regulagem e a calibração são tarefas simples, mas que exigem atenção e cuidado por parte do agricultor. Assim, para evitar transtornos e garantir uma pulverização bem feita e segura, a sugestão é sempre verificar se:

– o manômetro está em boas condições de funcionamento;
– todos os filtros do pulverizador estão limpos e em bom estado;
– todas as pontas da barra são do mesmo modelo e cor;
– o espaçamento entre os bicos está constante;
– a vazão das pontas está de acordo com o que o fabricante determina;
– as válvulas anti-gotejo estão funcionando após desligar a pulverização;
– as pontas estão pulverizando conforme o planejado;
– o volume de aplicação, de litros por hectare, está condizente com o esperado;

Também é importante, após toda aplicação, que o pulverizador esteja limpo, sem resíduos de defensivos no tanque.

Fonte: Portal Syngenta